A maioria das vitimas é de pessoas acima de 60 anos, mas jovens que tentaram impedir a carnificina também foram assassinados. Homem carrega seus pertences em Port-au-Prince, no Haiti
Ralph Tedy Erol/Reuters
Cerca de 180 pessoas foram mortas no fim de semana na área de Cité Soleil, em Port-au-Prince, capital do Haiti, disse o gabinete do primeiro-ministro haitiano nesta segunda-feira (9).
Os ataques, segundo uma ONG, foram ordenados pelo líder de uma gangue que suspeitava que seu filho havia adoecido por meio de bruxaria vodu. As vítimas eram idosas, em sua maioria.
“Uma linha vermelha foi ultrapassada”, disse o gabinete do premiê em um comunicado, acrescentando que iria “mobilizar todas as forças para localizar e aniquilar” os responsáveis, incluindo o líder da gangue Wharf Jeremie, Monel “Mikano” Felix, a quem acusou de planejar o ataque.
A Rede Nacional de Defesa dos Direitos Humanos (RNDDH), uma ONG no Haiti que monitora instituições estatais e promove a educação em direitos humanos, disse no último domingo (8) que pelo menos 110 pessoas — todas com mais de 60 anos — tinham sido mortas em Cité Soleil no fim de semana.
Mais tarde, a RNDDH afirmou que o número de mortos poderia ser maior porque testemunhas disseram que “corpos mutilados foram queimados nas ruas, incluindo vários jovens que foram mortos tentando salvar os moradores”.
A RNDDH disse que Felix havia ordenado a violência após seu filho ficar doente e depois de buscar conselhos de um sacerdote vodu que acusou os idosos da região de prejudicar a criança por meio de bruxaria. O grupo afirmou que o filho de Felix havia morrido na tarde de sábado (7).
A Reuters não conseguiu verificar de forma independente os eventos descritos pela RNDDH. Felix não comentou as acusações da RNDDH em um primeiro momento.
Extrema pobreza
Cité Soleil, uma favela densamente povoada perto do porto da capital Porto Príncipe, está entre as áreas mais pobres e violentas do Haiti.
O rígido controle das gangues, incluindo a restrição do uso de telefones celulares, limitou a capacidade dos moradores de compartilhar informações sobre o massacre.
O governo, assolado por disputas políticas internas, tem sofrido para conter o crescente poder das gangues armadas na capital e em seus arredores. As gangues são acusadas de assassinatos indiscriminados, estupros em grupo, de sequestros e de contribuir com a escassez crítica de alimentos.
A violência das gangues matou milhares de pessoas em todo o Haiti em 2024, à medida que os grupos armados se espalharam por algumas das últimas partes da capital que ainda não estavam sob seu controle.
Uma missão de segurança apoiada pela ONU — solicitada pelo Haiti em 2022 e aprovada um ano depois — até agora foi apenas parcialmente implantada e continua com poucos recursos.
Os líderes haitianos pediram que a missão fosse convertida em uma força de manutenção da paz da ONU para garantir que seja melhor abastecida, mas o plano foi paralisado em meio à oposição da China e da Rússia no Conselho de Segurança.
Ralph Tedy Erol/Reuters
Cerca de 180 pessoas foram mortas no fim de semana na área de Cité Soleil, em Port-au-Prince, capital do Haiti, disse o gabinete do primeiro-ministro haitiano nesta segunda-feira (9).
Os ataques, segundo uma ONG, foram ordenados pelo líder de uma gangue que suspeitava que seu filho havia adoecido por meio de bruxaria vodu. As vítimas eram idosas, em sua maioria.
“Uma linha vermelha foi ultrapassada”, disse o gabinete do premiê em um comunicado, acrescentando que iria “mobilizar todas as forças para localizar e aniquilar” os responsáveis, incluindo o líder da gangue Wharf Jeremie, Monel “Mikano” Felix, a quem acusou de planejar o ataque.
A Rede Nacional de Defesa dos Direitos Humanos (RNDDH), uma ONG no Haiti que monitora instituições estatais e promove a educação em direitos humanos, disse no último domingo (8) que pelo menos 110 pessoas — todas com mais de 60 anos — tinham sido mortas em Cité Soleil no fim de semana.
Mais tarde, a RNDDH afirmou que o número de mortos poderia ser maior porque testemunhas disseram que “corpos mutilados foram queimados nas ruas, incluindo vários jovens que foram mortos tentando salvar os moradores”.
A RNDDH disse que Felix havia ordenado a violência após seu filho ficar doente e depois de buscar conselhos de um sacerdote vodu que acusou os idosos da região de prejudicar a criança por meio de bruxaria. O grupo afirmou que o filho de Felix havia morrido na tarde de sábado (7).
A Reuters não conseguiu verificar de forma independente os eventos descritos pela RNDDH. Felix não comentou as acusações da RNDDH em um primeiro momento.
Extrema pobreza
Cité Soleil, uma favela densamente povoada perto do porto da capital Porto Príncipe, está entre as áreas mais pobres e violentas do Haiti.
O rígido controle das gangues, incluindo a restrição do uso de telefones celulares, limitou a capacidade dos moradores de compartilhar informações sobre o massacre.
O governo, assolado por disputas políticas internas, tem sofrido para conter o crescente poder das gangues armadas na capital e em seus arredores. As gangues são acusadas de assassinatos indiscriminados, estupros em grupo, de sequestros e de contribuir com a escassez crítica de alimentos.
A violência das gangues matou milhares de pessoas em todo o Haiti em 2024, à medida que os grupos armados se espalharam por algumas das últimas partes da capital que ainda não estavam sob seu controle.
Uma missão de segurança apoiada pela ONU — solicitada pelo Haiti em 2022 e aprovada um ano depois — até agora foi apenas parcialmente implantada e continua com poucos recursos.
Os líderes haitianos pediram que a missão fosse convertida em uma força de manutenção da paz da ONU para garantir que seja melhor abastecida, mas o plano foi paralisado em meio à oposição da China e da Rússia no Conselho de Segurança.
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Postado em: 18:03